Ter Um Ataque de Pânico

Ataque de Pânico

«Reconheço os sinais quando começa.


“Não, não, não”


Olho em volta, desesperada. Esbracejo. 


Tenho um tique nervoso na perna que não a deixa estar quieta e, na tentativa patética de a conseguir fazer parar, pouso uma mão trémula em cima do joelho, apertando-o com força.


O pânico aumenta.


Abano os pulsos. “Porque é que do nada os meus ossos parecem gelatina?”


Tento respirar fundo e acalmar, carregar a fundo num travão que pare os pensamentos, que desacelere a minha pulsação de ritmo vertiginosamente rápido. 


Sinto a mente cada vez mais pesada. De olhar perdido, gradualmente, o mundo aparenta-se mais desfocado.


“Se calhar esqueci-me de meter os óculos”


Mas passo os dedos na cara e estão lá.


Tenho a cabeça a latejar. O ribombar de tambores nos meus ouvidos é ensurcedor e não parece fazer tensões de parar num futuro próximo.


“Vamos, não te deixes perder”


Engasgo-me com ar. Não há maneira de controlar isto, porque é que ainda tento?


Às cegas, bamboleio de um lado para o outro. É possível que, na verdade, nem saia do mesmo sítio, quem sabe.


Deixei de conseguir ver por completo. As redondezas não passam de uma mancha escura de vazio. 


Deixei de sentir o exterior, assoberbada pela voz da minha própria consciência, que aumenta o tom de forma acusadora, um pouco trocista até. 


Deixei de ser humana. Reduzi-me a um turbilhão de emoções, a um furacão de tremeliques.


“Estou parada ou a sair de casa?”


Hiperventilo. Ainda respiro? Preciso do telemóvel rápido, quero ligar a alguém.


Mas a quem?


Guardo o telemóvel no bolso. Nem eu tenho paciência para mim mesma.


Se calhar se for andar, se for dar uma volta, se for gritar a plenos pulmões num qualquer canto. 


Preciso de qualquer coisa - “Qualquer coisa por favor!” - independentemente do que seja. Só preciso de sair, de fugir, não interessa para onde; ou talvez interesse mas só daqui a bocado, porque no momento (no agora? nos momentos?) não quero mesmo saber.


Quando dou por mim, estou no chão.


Colapsei(?).


Lá ao longe, ouço o fraco eco de um choro.


Será meu?


Provavelmente.


Verdade seja dita, já nem sei.»


Sherlock Blogger




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