A Mente de um Serial Killer

 Mente de Um Serial Killer

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1. Qual o apelo?


  Segundo o professor de sociologia e criminologista norte-americano Scott Bonn existem 6 principais razões para o público geral sentir tanta curiosidade acerca de serial killers:

  • Raros: Embora tenham estado na "moda" nos anos  70 e 80, são considerados criminosos raros, aparentemente "exóticos" e extremos para o público;
  • Aleatoriedade das Vítimas (Insegurança): O facto de a escolha das vítimas ser, frequentemente, aleatória, conduz a um sentimento de insegurança e, consequentemente, a uma necessidade de estar mais informado sobre o assunto;
  • Insaciáveis?: Serial Killers, são descritos como "insaciáveis";
  • Difícil Compreender Motivos/Capacidade: Para o ser humano comum, é difícil compreender o processo de pensamento violento de um assassino em série, uma vez que somos educados de forma a demonstrar-mos  emoções como o medo, a culpa ou a compaixão pelo próximo;
  • Adrenalina do Medo: Inevitavelmente, a adrenalina gerada pela consciência da sua existência  acaba por também ser um dos motivos (como a adrenalina sentida quando se vê filmes de terror, sentimo-nos cativados  pelo medo);
  • Explorar Cérebros: A análise ao psicológico de um Serial Killer apresenta-se como uma oportunidade única de explorar detalhadamente os instintos primitivos (como a raiva e o desejo) do ser humano. Há igualmente um enorme apeloem perceber o que gerou as mutações no cérebro de um assassino em série. 

2. O cérebro do serial killer

  • No cérebro humano, a amígdala trata-se da região controladora dos níveis de medo e ansiedade;
  • Por sua vez, o córtex pré-frontal ventromedial (apontar) é a área responsável pelo processamento de emoções como a empatia e a culpa, para além do controlo de impulsos;
  • Após a realização de diversos estudos foi possível concluir-se que o cérebro de um serial killer apresenta uma diminuta comunicação entre estas duas estruturas, quando comparado com o cérebro de uma pessoa normal;
  • Isto explica o tal desprezo pela vida do próximo que tanto fascina o público: em ataques psicóticos, não são capazes de sentir medo e, no dia a dia, sentem-se frequentemente desconectados dos outros (daí a ideia de atos violentos não lhes parecer absurda);
  • Adicionalmente, estas anomalias cerebrais justificam ainda o complexo de superioridade demonstrado pela maioria dos assassinos em série. Como (geralmente) não sentem remorsos relativamente às suas ações, acreditam-se superiores àqueles que não conseguem compreender o que os motiva e como são capazes de o fazer.


3. A criação de um Serial Killer


  Tomemos por exemplo o neurocientista Jim Fallon: estudava há anos o psicológico de psicopatas e serial killers, quando descobriu que ele próprio apresentava anomalias cerebrais comuns nestes fenómenos.

  Segundo ele, existem 2 “ingredientes” genéticos principais que fazem de alguém propício a  tornar-se num assassino em série: 

1) A perda do funcionamento do cortex orbital, que deixa o indivíduo incapaz de tomar decisões éticas e com menor capacidade de controlo de impulsos;

2) Genes hereditários, como o MAOA, que tornam o indivíduo propício a atitutes violentas e uma personalidade agressiva

  No entanto, apesar de uma pessoa poder, de facto, nascer com predisposição para se tornar num serial killer, o fator decisivo da conduta que a mesma segue é a qualidade da infância, sendo Jim Fallon um exemplo disso.

  Apesar de preencher os requisitos que ele mesmo apresenta, o facto de ter vivido num ambiente familiar saudável é, muito provavelmente, a razão pela qual o mesmo não foi negativamente influenciado pela sua genética.

  Por sua vez, a maioria dos serial killers sofreu de traumas infantis ou algum tipo de rejeição repetida (da família, interesses amorosos ou da própria sociedade no geral). Humilhação, negligência, ambientes tóxicos, violência psicológica e física, abusos sexuais ou abandono durante a infância podem resultar na incapacidade de uma pessoa de criar laços afetivos para o resto da vida. 

  Indivíduos que tenham relações instáveis com alguma das figuras parentais são mais propêncios à violência, principalmente dirigida a pessoas do mesmo sexo. 

  Vários são os casos de serial killers cuja perseguição, violação e o assassinato de mulheres tem como base o sentimento de ódio dos mesmos em relação à figura materna das suas vidas. Assim, os atos agressivos cometidos em figuras do sexo feminino são demonstrações da frustração sentida em relação às próprias mães - as mulheres atacadas, representam, para eles, aquela figura que os atormenta e não parecem ser capazes de enfrentar

4. Tipos de Serial Killer

  • Organizado: 1) Inteligência acima da media 2) Metódicos  3) Atraem as vitimas 4) Mantêm controlo do local do crime, pensaram no que iam fazer dezenas de vezes, têm um plano deleneado sem pontas soltas 5) Gostam de seguir a partilha dos seus crimes por parte dos media - um dos seus motivos é a gratificação que a atenção recebida  lhes dá 6) Normalmente conseguem ter um comportamento social normal, misturam-se bem na multidão; 
  • Desorganizado: 1) Pouco Inteligente 2) Age apenas por impulso - demonstra-se incapaz de controlar atitudes violentas 3) Assassinatos aleatórios, geralmente durante episódios psicóticos ou de raiva, momentos de frustração, ou apenas quando avistam uma oportunidade 4) Pouco metódicos e organizados, como matam por pura necessidade, raramente se preocupam em apagar as provas, deixando os corpos no local do crime 5) Introvertidos, com baixa capacidade de comunicação - destacam-se como indivíduos anti-sociais, geralmente imaturos.

 5. Motivos Mais Comuns: 

  • “Visões”: mais comuns em indivíduos clinicamente insanos, que confessam ser ordenados a cometer os homicídios por vozes ou o próprio Diabo;
  • “Missionários”: as suas vítimas são escolhidas de forma cuidada - acreditam que estão a livrar o mundo do imoral e prejudicial (ex.: prostitutas, membros da comunidade lbgtq+, etc);
  • Hedonistas: matam por prazer (ex.: gratificação sexual, adrenalina de matar  consegue resistir aos impulsos durante longos períodos de tempo, com fins lucrativos);
  • Poder: têm como objetivo sentirem-se no controlo de algo → geralmente tratam-se de vítimas de abusos durante a infância, que resultaram em complexos de impotência.

6. Ted Bundy


  • Crimes: admitiu ter violado e morto mais de 30 mulheres, mas é possível que o número real das suas vítimas ronde as centenas;
  • Categoria: organizado + procurava o controlo e satisfação que matar lhe dava;
  • Infância: filho ilegítimo + vinha de uma familia muito religiosa por isso viveu a infância inicial a ser tratado como filho adotivo dos avós maternos e a acreditar que a mãe era irmã + avó depressiva e avó abusivo;
  • Complexo: Ted Bundy viveu toda a vida com um complexo de superioridade. Desde pequeno que este complexo se manifestava: desprezava o padrasto por ser de classe média-baixa e não poder fornecer-lhe os bens caros que desejava e ressentia a mãe por ter feito dele um filho ilegítimo. Tinha notas medianas, estatura mediana, talento para o desporto mediano: era, no geral, uma pessoa mediana. No entanto, vivia convencido de que tinha uma inteligência superior aos que o rodeavam -> foi deste complexo que nasceu a adição aos assassinatos. Ted Bundy era o tipo de serial killer que via as notícias sobre os seus próprios homicídios. No documentário da Netflix “The Ted Bundy’s tapes”, é possível verificar-se que ele adorava a sensação de que finalmente era o melhor nalguma coisa, finalmente estavam a reconhecer a sua genialidade;
  • Cérebro: tal como seria de esperar, Ted Bundy cumpria todos os requisitos de um psicopata. Ao longo dos seus anos de julgamento e imprisionamento, foi possível verificar-se que não sentia a menor empatia pelo ser humano, nem qualquer tipo de remorso pelos seus atos;
  • Psicológico Fascinante: Ted Bundy destaca-se e fascina tanto os psicólogos porque era capaz de levar uma vida dupla sem levantar suspeitas + capacidade de manipular qualquer tipo de pessoa, de manter o charme e a personalidade mesmo durante o julgamento e apenas admitir ALGUNS dos crimes 2 dias antes da sua morte na cadeira elétrica, sendo que muitos ainda acreditavam na sua inocência, por ser tão sociável -> esteve envolvido com diferentes mulheres em relações duradouras + embora na infância tivesse sido considerado anti-social, aquando a ida para a universidade era descrito pelos seus companheiros como charmoso, amigável e comunicativo + construíu uma carreira política bem-sucedida → ao mesmo tempo que era um dos criminosos mais procurados dos Estados Unidos;
  • Doenças Mentais: 1) Disturbio de Personalidade Antisocial: egocêntrico, não sente remorsos nem empatia, age única e exclusivamente em prol de gratificação pessoal, manipulativo 2) Psicopatia: charme superficial, insinceridade sem remorso, falta de nervosismo ou ansiedade, incapacidade de seguir um plano de vida com normas socialmente adequadas 3)Narcisismo: necessidade extrema de aprovação e reconhecimento externos, incapacidade de entender as emoções dos demais, complexo de superioridade, criação de relações aparentemente íntimas somente para regulação de autoestima 4)Bipolaridade: mudanças de humor extremas.

7. Ed Kemper


  • Crimes: assassinato de 10 pessoas, incluindo a violação de 8 das vítimas;
  • Perfil: destaca-se por ter um IQ de 145 e ter aproximadamente 2ms de altura;
  • Categoria: organizado + desejo e controlo;
  • Infância: como a maioria dos serial killers, Edmund Kemper teve uma infância difícil, com um pai ausente e uma mãe abusiva. Cresceu sem contacto físico e afeto por parte da figura materna, uma vez que esta considerava que isso o tornaria gay. Ele é o exemplo perfeito do serial killer cujas vítimas eram do sexo feminino como consequência da frustração, ódio e impotência que este sentia em relação à mãe as suas primeiras vítimas foram os avós, mortos ao tiro, aos 15 anos → no seguimento disto foi internado até aos 21 anos;

  • Complexo: ao contrário de Ted Bundy, Kemper não tinha um complexo de superioridade (apesar do seu elevado grau de inteligência) e  carecia de capacidades interativas e comunicativas. Considerava-se inadequado e vivia com medo constante da rejeição, principalmente por parte de mulheres → outra razão pela qual sentia necessidade de matar e violar raparigas;

  • Cérebro: por oposição a Ted Bundy, Ed Kemper matava por pura necessidade, necessidade essa que era consequência de uma infância desiquelibrada e uma saúde mental frágil depois de matar a avó sentiu-se na obrigação de matar imediatamente o avô e sem o deixar ver a esposa morta, supostamente para lhe poupar o sofrimento + embora a maioria dos serial killers que se enquadram na mesma categoria que ele sejam incapazes de sentir culpa, Edmund mostrava evidências de alguns remorsos, uma vez que assassinara a mãe e os avós em episódios de raiva e as 8 raparigas por instinto, tendo o próprio confessado que esse seu desejo inevitável de matar o assustava;
  • Psicologico Fascinante: interagia bastante com policiais (adorava a ideia de que o procuravam e não tinham a mínima pista de que discutiam os casos com o próprio assassino) foi ele próprio que se entregou à polícia após assassinar a mãe, por alegadamente se sentir parcialmente culpado, mas sobretudo, devido à sua frustração com a falta de avanço na resolução dos seus homicídios;
  • Doenças Mentais: apesar de não ter o sintoma comum da audição de vozes, Ed Kemper foi diagnosticado com esquizofrenia paranóide por sofrer de pensamentos sobre conspirações e ter episódios de delírios, durante os quais sentia a tal urgência em cometer homicídios.


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