A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner
1. O que é a Inteligência?
Inteligência é a gestão das
funções cognitivas e emocionais que permitem ao indivíduo:
- Adaptar-se ao seu meio ambiente
- Enfrentar situações novas e resolver problemas
- Aprender a partir da experiência
- Explorar conhecimentos e raciocinar
Desde sempre que existem diferentes conceptualizações sobre a inteligência. Pela sua complexidade, é praticamente impossível tentar especificar e proporcionar uma definição que agrade à maioria dos psicólogos.
Nos últimos séculos tem-se dado grande valor a um ideal de pessoa: a pessoa inteligente. Durante grande parte dos séculos XIX e XX, esta correspondia àquela que se destacava pelas suas capacidades matemáticas e linguísticas e pensava-se que era este Quociente Intelectual (QI) que determinava o sucesso na vida.
Antes do aparecimento da Psicologia Científica, alguns filósofos e pensadores já se tinham debruçado sobre a questão da inteligência e a forma como diferenciava os indivíduos. Mas, a partir do século XIX, observou-se um interesse crescente pela inteligência humana, especialmente quando Francis Galton sugeriu uma capacidade humana geral e superior.
Segundo este, a inteligência seria o reflexo de habilidades sensoriais e percetivas transmitidas geneticamente. Deste modo, acreditava que a “natureza” se sobrepunha à educação, embora reconhecesse que esta teria grande poder no desenvolvimento dos poderes da mente.
Assim, conclui-se que Galton se preocupou não só com a definição da inteligência, mas também com a sua medida. Considerando a inteligência como uma força ou poder da mente, este tentou, através de situações objetivas e experimentalmente manipuláveis, fazer a sua avaliação. Por conseguinte, pressupondo que a inteligência é função do aparelho sensorial do indivíduo, construiu uma série de testes de tempo de reação e de acuidade sensorial para medir a capacidade intelectual.
Por sua vez, em 1904, Charles Spearman, depois de vários estudos, e insatisfeito com a definição do conceito de inteligência até então, tornou-se defensor da existência de um fator geral de inteligência (g). Este fator seria uma energia mental essencialmente inata e o denominador comum a todas as atividades e a todos os indivíduos. Por oposição, aquele a que se chamaria fator específico, variaria não só de um indivíduo para outro, como também de uma aptidão para outra. Segundo ele, o grau de inteligência dependeria da quantidade de g que um indivíduo possuía. Sustentava, assim, um fator unitário que apoiava todas as tarefas mentais.
Ao mesmo tempo, em França, Alfred Binet e o seu colaborador, Théophile Simon, a pedido do Ministério de Educação Francês, criavam o primeiro teste válido para medir a inteligência (Escala Métrica de Inteligência Binet-Simon), que tinha o intuito de diagnosticar crianças necessitadas de educação especializada. Esta escala Binet-Simon incluía 30 itens, que abrangiam a compreensão da linguagem e a habilidade de raciocinar a nível verbal e não verbal, destinando-se a avaliar crianças entre os 3 e os 12 anos.
Este teste de medição de inteligência foi um ponto de partida para a elaboração de instrumentos similares e, alguns anos mais tarde, David Wechsler, iniciou as pesquisas em avaliação mental de adultos, considerando que eram uma necessidade. Em 1939, elaborou a Escala de Inteligência de Bellevue para adultos, composta por 10 testes, dos quais 5 são definidos como verbais e como não-verbais.
Tendo em conta as teorias anteriores, Jean Piaget foi defensor de uma teoria diferente de inteligência, pois preocupava-se mais com a sua génese e desenvolvimento. O autor concebeu a inteligência como uma adaptação, sendo esta um equilíbrio entre um duplo mecanismo interativo entre o sujeito e o meio: os processos de assimilação e de acomodação.
Howard Gardner, como psicólogo construtivista, foi influenciado pelas ideias de Piaget. No entanto, divergiu em muitos aspetos da teoria do mesmo principalmente na questão da simbolização do conhecimento, considerando que revelava muitas fraquezas.
2. Inteligência Segundo Gardner
A Definição de Inteligência de Howard Gardner
Howard Gardner afirma que não há uma faculdade mental geral, mas sim formas independentes de percepção, memória e capacidade de aprender, em cada área ou domínio com possíveis semelhanças entre as áreas, mas sem uma relação necessariamente direta. Não há uma inteligência global e totalizadora mas inteligências múltiplas, que derivam do potencial biopsicológico, das aptidões sociais e dos juízos que cada sociedade faz de si própria.
Ultrapassa assim, em 1994, a noção de inteligência como “capacidade ou potencial geral que cada ser humano possui em maior ou menor extensão” e questiona a suposição de que a inteligência “possa ser medida por instrumentos padronizados como testes de respostas curtas realizados com papel e lápis”.
Gardner caracteriza a inteligência como uma capacidade ou um conjunto de capacidades que permitem que um indivíduo resolva problemas ou crie produtos que são de importância cultural particular e acaba por concluir que a inteligência é a capacidade de ordenar os pensamentos e coordená-los com as ações.
Princípios da Teoria das Inteligências Múltiplas
- A inteligência não é uma só unidade, mas sim um conjunto de inteligências múltiplas, cada uma das quais com um sistema por direito próprio.
- Cada pessoa é uma mistura única de inteligências dinâmicas;
- As inteligências variam no desenvolvimento, nos e entre os indivíduos;
- Cada pessoa deve poder reconhecer e desenvolver a multiplicidade de inteligências;
- Cada inteligência é um sistema em si mesmo
- O uso de uma das inteligências pode servir para desenvolver outra;
- Todas as inteligências proporcionam recursos alternativos e capacidade para o desenvolvimento humano, independentemente da idade ou circunstância.
Fatores que influenciam o desenvolvimento das Inteligências
- Predisposição biológica, incluindo a hereditariedade ou factores genéticos e lesões cerebrais, antes, durante e depois do nascimento;
- História de vida pessoal, incluindo experiências com os pais, professores, colegas, amigos e outros que estimulam as inteligências ou as impedem de se desenvolver;
- Referencial histórico e cultural, incluindo a época e o local em que cada um nasceu e foi criado, a natureza e o estado de desenvolvimento cultural ou histórico nas diferentes áreas.
A importâncias das Inteligências Múltiplas
- Reconhece que o êxito académico não é tudo;
- Em cada campo do “fazer” humano utiliza-se um diferente tipo de inteligência;
- Não há pessoas mais ou menos inteligentes – as suas inteligências pertencem a campos distintos.
- Todos os seres humanos possuem cada uma das inteligências, no entanto, apresentamos combinações diferentes.
3. As Inteligências de Gardner
2. Visual-espacial
3. Musical
4. Linguística
5. Cinestésico-corporal
6. Interpessoal
7. Intrapessoal
8. Naturalista
Destas 8 decidimos abordar 2 neste trabalho: a Inteligência Musical e a Interpessoal. Do mesmo modo, iremos aprofundar o estudo destas no próximo episódio do nosso podcast!
Musical
Definição:
Capacidade que nos permite perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais. É, assim, a habilidade de compor, executar e apreciar padrões musicais.
Estando ligada à perceção formal do mundo sonoro e ao papel desempenhado pela música, inclui a sensibilidade ao ritmo, ao tom, melodia ou entoação.
Características:
As pessoas com esta inteligência muito desenvolvida desfrutam mais ao cantar e tocar instrumentos musicais. Reconhecem padrões musicais e tons facilmente, têm facilidade em lembrar-se de músicas e melodias e uma compreensão rica da estrutura, ritmo e notas musicais.
Opções de carreira:
Alguns exemplos de carreiras para
pessoas em que a inteligência musical é a mais desenvolvida são: músico, cantor,
compositor, professor de música.
Interpessoal
Definição:
Características:
As pessoas com este tipo de inteligência mais apurado destacam-se pela sua facilidade na comunicação verbal e não-verbal; habilidade de mediação de conflitos;intuição a nível social; elevada capacidade de escuta; flexibilidade para adotar e compreender diferentes perspetivas; facilidade em desenvolver vínculos pessoais.
Alguns exemplos de opções de
carreira indicadas para indivíduos cuja inteligência musical é a mais desenvolvida
são: gerentes e diretores, professores, médicos, avogados, psicólogos,
políticos, vendedores, diplomatas e atores.
Sherlock Holmes
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