"The Stanford Prison Experiment"
Experiência ou Tortura?
Pode parecer surreal para quem já viu, mas o filme "The Stanford Prison Experiment" (de 2015) é baseado em factos verídicos. Sim. Leram bem. Alguém foi psicótico o suficiente para realizar uma "experiência deste género".
A nível teórico, a ideia não parece ser assim tão surreal: um grupo de universitários - voluntários - a "brincar aos polícias e ladrões" durante 2 semanas, metendo-se num corredor da universidade e fazendo-se uns passar uns por criminosos e outros por guardas. Há todo um contrato que, aparentemente, os impede de sofrer qualquer tipo de abusos e ainda são pagos para estar ali. Únicas condições? Fingir ao máximo que é à séria. Fácil, certo? NÃO. Logo desde o primeiro dia que as coisas correm mal. E, a partir daí, é sempre a piorar.
Os Prisioneiros
Os reclusos voluntariamente inscritos para participar nesta experiência, ganhando 15 euros ao dia, julgavam que ia ser um simples teste, porém sofreram, e bem, logo nos primeiros dias. Identificados pelos números para evitar chamá-los pelo nome, eram enviados constantemente para a solitária (um simples armário de produtos de limpeza), obrigados a tirar a roupa, a fazer flexões , a dormir no chão, e a fazer as suas necessidades em baldes.
Com isto os reclusos começaram a passar por problemas psicológicos, nomeadamente graças à interrupção do sono causada pela perda de noção dos dias e pelas constantes intervenções dos guardas durante o "tempo de descanço". Assim, esta acumulação de desrespeitos aos direitos humanos, levou ao esgotamento psicológico de "reclusos", uma vez que, estes queriam desistir da experiência mas não o fazim por lhes parecer impossivel infrentar os guardas e psicólogos que já lhes causavam pânico, a maioria dos prisioneiros pensava, e com razão, que pedir para sair da experiência só pioraria as coisas.
Só um recluso conseguiu sair antes dea experiência ser dada como terminada. No entanto não bastou um simples pedido, foram necessárias ameaças aos organizadores e uma clara crise psicológica do prisioneiro em frente à câmara que permitia o psicologo Philip Zimbardo controlar o corredor constantemente para que deixassem o jovem universitário abandonar aquele corredor de faculdade que se tranformara numa prisão.
Os guardas
Torna-se evidente, ao longo do filme, que o sofrimento dos prisioneiros é diretamente causado pela outra metade de estudantes universitários que fizeram parte da experiência, aqueles que desempenharam o papel de guardas prisionais, repito, o PAPEL de guardas. O grande problema esteve no aparente esquecimento por parte desta metade de que estavam a desempenhar um papel e de, que mesmo que não estivessem, os direitos humanos nao devem em caso algum ser violados. E ,claramente, que uma experiencia realizada numa universidade também não tem esse direito.
Os estudantes universitários veêm-se com o (aparente) total controlo sobre um grupo de pessoas que se fazia passar por um conjunto de reclusos, e é aqui que o caos se instala. Estes jovens nao tinham tido qualquer formação que lhes permitisse saber lidar com a autoridade que lhes fora dada. Assim sendo ao se verem com tanto poder, tão repentinamente, parecem perder a total consciência dos efeitos que os seus atos podem causar. São enumeros os erros que cometem e enumeros os danos psicológicos que provocam nos prisioneiros.
É quase impossivel considerar que os guardas não tiveram culpa no evidente fracasso da experiência, no entanto percebe-se que, talvez, se estes tivessem sido previamente preparados para a mesma, o resultado desta prisão experimental não fosse tão negativo e não tivesse causado tantos danos nos jovens universitários sujeitos ao estudo.
Os psicólogos
A meu ver, claro que a culpa é dos psicólogos; principalmente do professor que dirige a experiência, Philip Zimbardo. Não respeitam o contrato, ignoram qualquer sinal de que os Direitos Humanos estão a ser violados, permitem abusos físicos e psicológicos contínuos por parte dos guardas e agem como se de facto algum dos "prisioneiros" fosse um criminoso.
Há ainda a vertente de que os estudiosos insistem em fazer tudo exatamente como seria feito numa prisão, menos dar um descanso aos reclusos. Numa penitenciária real, existe um pátio, zonas de exercício, locais de trabalhos manuais, talvez até uma biblioteca, já para não mencionar que acesso a um médico caso seja necessário - não digo que seja um paraíso, mas não é um corredor duma universidade iluminado por lâmpadas amareladas.
E embora seja verdade que não havia maneira de prever que a experiência teria este desenrolar tão violento, isto não serve de desculpa, uma vez que os psicólogos observam um comportamento abusivo por parte dos "guardas" e não intervêm. Com efeito, não obstante essa intervenção poder influenciar o estudo, nada justifica o sofrimento de um ser humano e, no entanto, lá ficaram eles a ver tudo através de uma câmara. Para além disso, ao obrigarem os prisioneiros a mentir e a omitir pormenores tanto na carta escrita à família como durante a visita da mesma, demonstram ter perfeita consciência de que o que estava a acontecer ali só podia ser ilegal. Se não, por que outra razão teriam sentido a necessidade de controlar a informação partilhada?
A atitude que deveria ter sido tomada era simples: a existência de um contrato mais detalhado e que fosse cumprido era imperativa; dar uma formação aos guardas para garantir que não viravam sádicos assim que lhes pusessem um bastão na mão também; e a óbvia anulação do estudo assim que alguém começasse a mostrar danos psicológicos ou tendências violentas.
Para mim, foi totalmente desconcertante o professor Philip ter precisado de assistir a seis dias de tortura para sentir alguma empatia pelas vítimas do seu pequeno projeto. Na verdade, fiquei convencida de que Zimbardo era simplesmente psicótico. De facto, é óbvio que apenas um psicopata seria capaz de colocar a sua ambição e o seu trabalho acima da saúde mental e do bem-estar do próximo, já para não falar de, ainda por cima, assistir a tudo dos bastidores e não ser capaz de intervir e de perceber que está louco sem que tenham de lho explicar.
Concluindo, acredito que este homem devia ter sido proibido de lecionar e obrigado a pagar o tratamento psicológico dos voluntários mais afetados, já para não falar de que o seu cérebro devia ter sido estudado, tal como o de todos aqueles que se sentiram suficientemente à vontade para tratar pessoas como cobaias e um meio para atingir um fim académico. Sinceramente, a falta de sensibilidade/de respeito pela vida e os Direitos Humanos que os estudiosos demonstraram fazem deles desumanos e um perigo para a sociedade. Eles sim, deviam estar presos.
Sherlock Blogger
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